Deslocar-se por Nova York envolve viver passando por pontes. Elas fazem parte da vida de uma cidade formada por ilhas no encontro de dois rios que formam uma baía. Algumas viraram pontos turísticos por sua imponência e grandiosidade. Mas talvez a próxima atraia visitantes pelos motivos opostos: seria discreta, pequena e com o menor impacto possível. Isso se a Citizen Bridge, uma ponte flutuante que ligaria o Brooklyn à Governors Island, sair do papel.

É uma ideia ousada da designer e ativista ambiental Nancy Nowacek. Inspirada em uma antiga barra de areia que ligava a pequena ilha ao bairro, ela projetou uma ponte composta por módulos flutuantes. Eles seriam encaixados até formarem uma passagem caminhável de 366 metros.

A estrutura teria baixo impacto ambiental e ajudaria a reaproximar os nova-iorquinos com suas águas. Além disso, facilitaria o acesso à ilha, um posto de uso militar que foi passado ao público e transformado em parque em 2003. Apesar de ter espaço de lazer, o acesso ainda é bastante limitado, só possível com balsas que saem de Manhattan e Brooklyn.

Os estudos começaram em 2012 e, desde então, Nancy consultou engenheiros navais e de estruturas, além de designers e outros especialistas na área. Foram construídos seis módulos, que já foram colocados na água para testar a eficiência da tecnologia. A inventora criou uma campanha – que se encerra em 20 de maio – no Kickstarter para arrecadar US$ 25 mil e construir um sétimo módulo para seu protótipo.

A solução teria baixo impacto ambiental e econômico, mas é discutível sua viabilidade técnica. Os fortes ventos da Upper Bay e a ondulação da água poderiam causar desconforto para o pedestre em uma caminhada de 400 metros, sobretudo nos dias de clima instável. Além disso, a prefeitura há havia demonstrado interesse em um eventual teleférico projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava para ligar a Governors Island com o Brooklyn.

De qualquer maneira, a ideia pode ser interessante como exercício de engenharia. A aplicação em Nova York pode não vingar, mas a tecnologia de módulos flutuantes pode se mostrar interessantes para outras estruturas, em outras travessias pela água.