Entre 50 e 60% de todo lixo urbano é composto de resíduos orgânicos e a destinação correta desse volume é comprometida pela não separação do que é compostável e do que não é. A compostagem é um processo de decomposição de matéria orgânica contida em restos animais e vegetais que produz um tipo de adubo usado para o cultivo agrícola. Para tentar aumentar a porção do volume de lixo orgânico compostado, algumas iniciativas públicas, privadas e coletivas se dedicam a coletar e destinar corretamente excedentes de poda, cascas de frutas, pó de café, migalhas de pão, entre outros.
No Rio de Janeiro, uma empresa coleta resíduos orgânicos para compostagem sob demanda. O Ciclo Orgânico recolhe uma vez por semana, de bicicleta, o lixo compostável produzido pelos usuários cadastrados (e pagantes) para levar até o Parque do Martelo e depositá-lo em uma das sete composteiras do local. Os clientes podem optar por receber uma porção do adubo produzido, doar o composto para um agricultor ou ganhar uma muda de hortaliça.
A prefeitura de São Paulo inaugurou no ano passado uma central de compostagem para receber cerca de 35 toneladas de resíduios semanalmente de 26 feiras livres da zona oeste da cidade. Desde 2004, quando a usina de compostagem da Vila Leopoldina – que chegou a receber 800 toneladas de lixo orgânico diariamente – foi fechada por não operar de forma adequada, a cidade seguia sem nenhum centro de processamento desse tipo. Até o final de 2016, mais três centrais devem ser implantadas nas outras regiões da capital paulista.
Em 2014, 2006 domicílios foram selecionados pela administração municipal paulistana para receber kits e oficinas de compostagem e de plantio gratuitamente. Seis meses depois da entrega das composteiras, mais de 250 toneladas de resíduo orgânico foram processados, segundo dados coletados em mais de 1500 moradias.
O Cidades Comestíveis é uma ferramenta para promover o plantio de alimentos nos centros urbanos e oferece um meio de destinar o produto final do processo de compostagem – o adubo. Na plataforma é possível oferecer o composto à produtores e participantes de hortas coletivas, além de fazer conexões com especialistas, donos de ferramentas e gente interessada em plantar.
A compostagem permite o reaproveitamento de resíduos que, se não forem corretamente destinados, farão parte do volume que sobrecarrega os lixões. Enquanto a decomposição de material orgânico nos aterros libera CO2, o uso do adubo obtido a partir do lixo urbano enriquece o solo e diminui a necessidade de usar herbicidas e pesticidas.