Enquanto iniciativas mais tímidas – como a parceria que colocou táxis elétricos para rodar em São Paulo – se espalham pelo Brasil, políticas mais ambiciosas para tentar reduzir a emissão de poluentes durante os deslocamentos urbanos estão sendo elaboradas em nível local em Seattle e nacional na Índia.

O ministro de energia, carvão e renováveis da Índia anunciou que o governo está trabalhando em um plano para converter toda a frota de veículos em híbridos ou elétricos até 2030. Aparentemente, a substituição seria viabilizada pela venda de veículos sem custos de entrada, quitados a prazo com o dinheiro que seria gasto pelo proprietário em combustível. Ainda há poucos detalhes disponíveis sobre como isso seria colocado em prática.

A ideia é inspirada no sucesso da campanha oficial de promoção do uso de lâmpadas de LED, que teve como resultado uma redução em 80% nos custos em um período 18 meses. Fornecedores de energia elétrica forneceram as lâmpadas e os consumidores fizeram o pagamento por meio de um desconto sobre a economia resultante em suas contas de luz por um período limitado.

Em Seattle, aproximadamente 65% das emissões de gases de efeito estufa são provenientes da frota veicular. O plano é eletrificar os veículos do transporte público e incentivar o uso privado de automotores elétricos. O objetivo é aumentar em 15 mil veículos a frota movida a eletricidade. A expectativa é que os deslocamentos deixem de queimar aproximadamente 540 mil litros de gasolina por ano.

Enquanto em Seattle 90% da energia é proveniente de hidrelétricas, na Índia ainda há cidades que são abastecidas principalmente por usinas a diesel, como no município Gurgaon, onde as indústrias privadas ditam o ritmo do desenvolvimento urbano. Anunciado como “agressivo” o plano de Seattle é menos ambicioso que o indiano, mas inclui a destinação dos benefícios obtidos por meio do programa sejam distribuídos entre as comunidades mais afetadas pela poluição do ar.

O plano inclui a ampliação da infraestrutura para carregar os carros elétricos por meio da adaptação dos pontos da rede de iluminação pública local, que pode ser considerada “carbono neutra”. A rede elétrica é uma das motivações da administração municipal para confiar na viabilidade do programa, que busca replicar o sucesso da redução do impacto ambiental para outras áreas.

O impacto desses incentivos são difíceis de prever, mas medidas complementares já estão sendo elaboradas – como a ampliação da rede VLT e a eliminação de exigências mínimas de estacionamento para construções – para evitar que o programa aumente a frota, em vez de substituí-la. Na Índia, também estão sendo incentivados investimentos na produção de energia por painéis fotovoltaicos. Se iniciativas como essa começarem a dar certo, o consumo de combustíveis fósseis pode ter uma queda mais rápida e acentuada do que a prevista pela indústria petrolífera.