A música que Renato Russo cantava como aquecimento antes de subir ao palco traz o apelo do pedestre que precisa atravessar o Eixão. Também, pudera: nas seis faixas de rodagem da pista central de Brasília não há semáforos ou faixas para travessia a pé.

A gravação em estúdio de “Travessia do Eixão” só veio a público no disco “Uma Outra Estação”, o último da Legião Urbana, lançado em 1997, ou seja, após a morte de Renato. Na canção, o destino do pedestre acuado que se arrisca pelo eixo rodoviário é a casa da Noélia.

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A poeta Noélia Ribeiro, personagem da música, conheceu Renato nos tempos do Aborto Elétrico, banda que se desmembrou dando origem ao Capital Inicial e à Legião Urbana. Os dois se esbarravam com frequência na noite brasiliense e acabaram amigos.

O poema “Travessia do Eixão” foi publicado em 1978 por Nicolas Behr, que foi namorado de Noélia. Seus versos foram transformados em canção por Nonato Veras, do grupo Liga Tripa, e só depois gravados pela Legião. Pouca coisa mudou desde então na vida do pedestre brasiliense, que ainda passa aperto para atravessar a temida via onde hoje o limite de velocidade é de 80 km/h.

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