Carros transportam aproximadamente 20% dos passageiros, mas ocupam 60% das vias públicas nas grandes cidades brasileiras. São dados da Confederação Nacional de Transportes (CNT), os mesmos que apontam que os ônibus transportam 70% dos passageiros e ocupam 25% do espaço viário. Justamente por causa de números como esses, que reforçam a necessidade de se promover a mobilidade sustentável e dar mais espaço para o transporte público coletivo, que foi criado o Dia Mundial sem Carro, celebrado no dia 22 de setembro.

Em São Paulo, só 25% da população vive próxima a uma estação de transporte público de qualidade, ainda que a cidade tenha a maior rede desse serviço no Brasil. Para efeito de comparação, no Rio de Janeiro, esse índice é de 47%. O indicador People Near Transit, que aponta o percentual de pessoas residentes em um raio de até um quilômetro no entorno das estações, foi levantado pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento em parceria com o WRI Brasil Cidades Sustentáveis.

Além de ocupar mais espaço, mais automóveis nas ruas por mais tempo significa mais poluentes sendo liberados. Segundo os resultados da pesquisa lançada essa semana pela Rede Nossa São Paulo, o tempo médio gasto no trânsito para realizar o principal deslocamento diário é de 2h01, ou seja, a média subiu 17 minutos em relação ao ano passado. Em 2016, 33% dos paulistanos passam entre uma e duas horas no trajeto para ir e voltar do trabalho ou escola e 30% demoram mais de 2 horas. Entre os que usam carro todos ou quase todos os dias, a média diária de tempo no trânsito ficou em 1h59, sendo que entre os usuários de transporte público é de 2h12.

Entre os entrevistados, 34% usam carros todos os dias, o que inclui pessoas que estão entre os 60% que possuem veículo em casa e também quem anda de carona e de táxi – representando um aumento de dois pontos percentuais em relação a 2015. Em relação ao hábito de usar o automóvel, 49% dos participantes disseram que usaram o carro com menor frequência nos últimos 12 meses. Aqueles que estão usando mais o transporte individual motorizado correspondem a 22% e os que mantiveram os mesmos hábitos correspondem a 27%.

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Além de aumentar a rede de transporte público, a implantação de infraestrutura cicloviária e ampliação das possibilidades de integração da bicicleta com a rede pública de transporte de massa também podem dar melhores condições de acesso e estimular mais gente a deixar de circular de carro. Outro ponto que também é importante para diminuir o número de automóveis nas ruas são as políticas de restrição aos carros.

Adoção de parquímetros, áreas de estacionamento limitado, limitações aos estacionamentos privados e pedágios urbanos são medidas que podem ser tomadas para reduzir o uso do automóvel na cidade. No Dia Mundial Sem Carro, ações como ônibus de graça, semáforos desligados e transformação de vagas de estacionamento em espaços de convivência mostram como poderiam ser as cidades caso a frota de automóveis não fosse priorizada. Também é uma oportunidade para discutir políticas públicas que favoreçam outros modais e restrinjam o transporte individual motorizado, melhorando de maneira mais duradoura as condições de circulação para a maior parte da população urbana.