A China já é consagrada quando o assunto é construir linhas e estações de metrô em tempo recorde. E como se não bastasse, o país fechou 2017 entregando mais uma expansão considerável. A cidade de Cantão recebeu um total de 82 quilômetros de novos trilhos, incluindo três linhas novas e extensões em trechos existentes. Em Wuhan foram adicionadas duas novas linhas e extensões que totalizaram 55,3 quilômetros de metrô. Por fim, em Guiyang, cidade que foi transformada na capital do “Vale do big data” pela concentração de empresas de tecnologia, ganhou sua primeira linha de metrô, de 12,8 quilômetros e 10 estações. Mas, a pergunta que não quer calar é: como isso é possível?
Histórico, comparações e propostas para o futuro
No ano de 1990, a China tinha 1,1 bilhão de habitantes e sistemas de metrô em apenas três cidades: a capital Pequim, Hong Kong e Tianjin. Vale ressaltar as redes metroviárias de Pequim e Xangai. Elas tiveram um crescimento gigantesco, tornando-se os dois maiores sistemas do mundo em extensão de linhas. Em 2016, Xangai totalizava 637 quilômetros e Beijing 599,4 quilômetros.
Comparando: Pequim teve seu metrô inaugurado em 1979 e Xangai, em 1993. As duas cidades ultrapassaram em quilometragem os sistemas de Londres, o mais antigo, inaugurado em 1863, com 420 quilômetros, e Nova York, de 1904, com 331 quilômetros. No caso de São Paulo, por exemplo, o metrô foi inaugurado cinco anos antes do sistema de Pequim, e tem hoje 80,2 quilômetros de linhas.
E os chineses não pretendem parar. Até 2020, serão 38 cidades com metrôs, com sistemas em 60 novas cidades planejados para os anos seguintes.
O motivo
Talvez seja óbvio, mas: investimento maciço. De acordo com informações divulgadas pelo governo chinês em 2016, o país prevê investimentos de US$ 148 bilhões em metrôs até 2020 (cerca de R$ 463 bilhões). A título de comparação, em 2016, o governo de São Paulo investiu R$ 2,34 bilhões no metrô da capital paulista. Outros elementos que favorecem a rapidez são baixo custo de mão de obra, simplicidade de desapropriação de imóveis (em um país em que a maior parte das propriedades pertence ao próprio governo) e a facilidade em driblar a burocracia devido à prioridade dada pelas administrações federais e locais aos projetos.
Além disso, o país priorizar a construção do transporte público sobre trilhos também tem o intuito de melhorar a mobilidade urbana. Até pouco tempo, cidades imensas dependiam apenas do transporte sobre rodas. Hangzhou, por exemplo, tinha mais de 9 milhões de habitantes em 2012, mas não contava com sistema de metrô. No fim do mesmo ano, ganhou suas primeiras estações. Por fim, também é um modo de diminuir a poluição e o congestionamento de suas metrópoles.
No entanto, essa política não agrada a todos. São muitos os especialistas que dizem que cerca de metade dos sistemas de metrôs do país poderiam ser substituídos por veículos leves de superfície, mais baratos. Ainda, há críticas à qualidade de muitas das obras de infraestrutura urbana. Realmente, não dá para agradar gregos e troianos.