O que é? A monja paulistana Sandra Degenszajn; ou Waho, seu nome budista; faz parte de um grupo que medita em lugares como o Largo da Batata e a Praça da Liberdade. São nesses locais movimentados e ruidosos, que Waho convida as pessoas a sentarem e tentarem se ocupar menos das interferências externas para ouvirem seus ruídos internos.

Um encontro inusitado

Sandra sempre quis praticar a meditação em ambientes abertos para poder levar o zazen, ou a meditação zen, a um número maior de pessoas. Segundo a monja, a meditação leva ao autoconhecimento e sua prática em lugares públicos seria uma forma de romper com a efervescência ruidosa da cidade com momentos de silenciamento. Todas as sextas-feiras o grupo escolhe um lugar público onde será feita a meditação e oferecida a oportunidade para qualquer um se sentar com eles.

Quando nos sentamos em zazen nos espaços públicos, nos apropriamos dele, estabelecemos outra relação com a rua, com a cidade, com as pessoas, porque nossos limites se expandem. Nossa casa não se limita mais as quatro paredes. Hoje, o medo nos isolou muito do contato com as ruas e as pessoas, sendo que não somos separados de tudo que existe. Somos a vida da terra. Nós cuidamos de nossas casas e jogamos nosso lixo pra fora na certeza de que alguém vai recolher, e não tem dentro e fora!
Monja Waho

A monja ressalta que, segundo o Budismo, estamos em estado de constante transformação e cada ação modifica tudo o que há no entorno. A meditação é um caminho para a mudança interior e ela não descarta a possibilidade de essa transformação interna tenha reflexos no ambiente onde ela é praticada. Sandra já foi síndica do prédio onde mora e também faz sessões regulares de zazen com seus vizinhos. A iniciativa começou há seis anos no salão de festas do prédio e agora acontece em uma sala alugada na mesma rua.

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Sandra Degenszajn (ao centro) praticando a zazen, ou a meditação zen budista

Monja Waho já considerou até mesmo fazer uma unidade móvel de meditação em uma van. Em fevereiro, quando os praticantes da sala Therigata ficaram sabendo que ela pretendia fazer zazen em lugares abertos, eles sugeriram que formassem um grupo e fossem até o Parque Augusta. A área passava por um processo ocupação em defesa da sua desapropriação e eles se sentaram no local uma vez por semana por um mês para apoiar preservação da vegetação presente ali. No dia 4 de março, a posse do terreno foi reintegrada e eles optaram por continuar a meditar juntos no mesmo horário, mas em outros locais.

Durante essas meditações em espaços abertos, aprendemos que se não conhecermos nossa mente – pensando nela como sendo nosso espaço privado, ele também se manterá caótico.
Monja Waho

Sandra conta que durante a meditação na rua o tempo passa mais rápido, pois os ruídos externos demoram mais para serem silenciados para que se possa ouvir o que há no interior. Em salas fechadas, como as interferências são menores, o encontro com os ruídos interiores se dá com mais facilidade e o momento parece durar mais. Todas as sextas, em média, dez pessoas se sentam juntas para fazer zazen, e pelo menos mais um passante se junta ao grupo para meditar também.

Próximo encontro do grupo:

  • 13 de novembro, 18h30
  • Praça do ciclista
  • Gratuito (é só chegar)