A avaliação da população paulistana em relação a mobilidade piorou. É o que mostra a pesquisa de Mobilidade Urbana, feita pelo Ibope e encomendada pela Rede Nossa São Paulo e pela ONG Cidade dos Sonhos, divulgada nesta quarta-feira, (20), durante a Semana Nacional da Mobilidade.

O estudo, realizado entre os dias 27 de agosto e 11 de setembro com 1.603 moradores da cidade de São Paulo com 16 anos ou mais, aponta piora em notas atribuídas pela população em todos os quatorze aspectos avaliados. É a primeira vez, em onze anos de pesquisa, que isso acontece. A margem de erro é de dois pontos.

A pior avaliação ficou para o tema “situação do trânsito na cidade”, que caiu de 3,2 para 2,7 em uma escala de notas de 1 a 10. A nota sobre “controle da poluição” foi de 3,5 para 2,8; assim como a “quantidade de faixas de pedestres”, que teve avaliação 4,4, diminuindo mais de um ponto, em comparação aos 5,5 do ano passado. Ainda sobre pedestres, o tempo de travessia nos semáforos também foi um ponto negativo: passou de 5 para 4.

Transporte público

O tema “transporte público” foi um dos mais detalhados na pesquisa. De forma geral, a população acredita que a qualidade do serviço piorou, o que justifica a queda da nota de 5,1 para 3,8. Para os usuários, os principais problemas dos ônibus são a lotação (23%), tarifa (20%), segurança (11%), frequência (9%) e assédio (7%). Além disso, 80% das pessoas entrevistadas afirmaram que “com certeza” ou “provavelmente” deixariam de utilizar o carro se tivessem “melhor alternativa de transporte”, ou seja, se a qualidade do transporte público fosse melhor.

Em relação à tarifa, 52% afirmaram que “sempre” ou “às vezes” deixam de visitar amigos ou familiares que moram em outros bairros por causa do preço da passagem. Mesmo percentual afirma que deixa de ir a parques, cinemas e outras atividades de lazer para economizar esse valor. Já 42% deixam de fazer consultas médicas e exames e 28%, de ir à escola ou universidade.

Por fim, a questão do assédio sexual foi uma das mais alarmantes de toda a pesquisa. O tópico recebeu a pior nota entre os problemas enfrentados para quem anda de ônibus, com 2,6. As queixas foram mais frequentes nos extremos das Zonas Sul e Norte da capital.

Outros dados

Bicicletas: 58% sentem-se pouco ou nada seguros ao utilizar as ciclovias ou ciclofaixas de São Paulo e, por isso, não aderem a este meio de locomoção.

Os maiores problemas da cidade: Saúde continua, desde a pesquisa de 2008, em primeiro lugar, com 71% de menções. Em segundo lugar, “segurança pública” tem 45%, “educação” (44%), “desemprego” (42%), “transporte coletivo” (24%) e “trânsito” (17%) completam a lista.

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), comentou o resultado da pesquisa em coletiva de imprensa na sede da Prefeitura. “Quero deixar claro uma coisa: nós fazemos quase o impossível, milagre ainda não. Em oito meses não dá para você fazer uma transformação no trânsito da cidade.

[G1]