O que é? O Facebook quer oferecer sua versão da internet para que moradores de países em desenvolvimento também possam dar seus likes na rede social. Para saber qual a melhor forma de configurar a conexão em cada um desses lugares, a empresa está criando mapas de densidade de habitações mais precisos que aqueles disponíveis até então.
Vilarejos conectados (ou quase isso)
Seja pelo ar, usando drones emissores de sinal, ou pela terra, usando ligações ponto a ponto, o Facebook está determinado a oferecer conexão à internet para lugares onde atualmente não dispõem de nenhum tipo acesso. No momento, vários países em desenvolvimento já são atendidos. Mas, antes de ampliar sua rede para locais como África do Sul, México, Turquia e Ucrânia, a empresa precisa descobrir qual a melhor forma de distribuir o sinal em cada uma dessas áreas, habitadas por aproximadamente 10% da população mundial.
Atualmente o Facebook está desenvolvendo mapas que mostram como a população se distribui pelo território, se elas estão próximas em pequenos vilarejos ou espalhadas em casas isoladas. As construções são identificadas a partir de imagens de satélite em alta-resolução “lidas” por computadores como representações de áreas habitadas. Essa informação é cruzada com dados dos censos disponíveis para mapear a localização dos moradores em 20 países.
Como aproximadamente 99% do território analisado não possui nenhuma moradia, máquinas têm mais dificuldade de processar os dados, conforme explicam Tobias Tiecke e Andreas Gros em mais detalhes aqui. Os dados do censo são aplicados ao mapeamento como se as pessoas se distribuíssem igualmente entre as estruturas encontradas para aferir a densidade populacional.
Foram 21,6 milhões de quilômetros quadrados analisados resultando em uma resolução espacial de 5 metros. O Facebook divulgou uma imagem do trabalho realizado em Naivasha, Quênia, ao lado de um mapa do mesmo local feito pelo Centro Internacional da Rede de Informação sobre Ciência Territorial da Universidade de Columbia como exemplo do detalhamento dos dados mapeados.
A instituição está trabalhando em parceria com a empresa, que pretende divulgar as representações de povoamentos humanos até o fim de 2016. Além de indicar se a melhor forma de distribuir o sinal é pelo ar ou em ligações ponto a ponto feitas por terra, uma vez que eles se torne público, esse mapeamento pode servir para outros fins, como o planejamento de transportes ou de instalações como energia elétrica, água e esgoto por autoridades locais. Informações preciosas, mas com o custo de todo o sistema ficar nas mãos do Facebook (que apenas disponibilizaria os dados levantados).
A iniciativa faz parte do projeto Internet.org e está sendo desenvolvido pelo Laboratório de Conectividade, encarregados de usar drones (enormes e movidos a energia solar), lasers e satélites para levar a países em desenvolvimento acesso uma versão limitada da rede. Os usuários têm acesso gratuito a uma amostra composta por páginas de parceiros do Facebook e, claro, pela própria rede social. O objetivo seria apresentar à população dessas regiões ao serviço de modo que elas estejam aptas a eventualmente usar a versão ilimitada, paga, e móvel da internet.
Os críticos do programa defendem que ele viola o princípio da neutralidade da rede, segundo o qual os usuários podem acessar todos os sites igualmente. O Brasil também está na lista de países onde a empresa pretende implantar a controversa iniciativa. O Ministério Público Federal divulgou em novembro uma nota técnica dizendo que o Internet.org afronta o Marco Civil da Internet, levando as pessoas a acreditarem que a internet se limita à rede social de Mark Zuckerberg, como já acontece em alguns países.
O projeto enfrenta oposição mesmo em países onde já está operando, como na Índia, onde o aplicativo Free Basics – que dá acesso ao Facebook e a aproximadamente a 100 páginas de parceiros nas quais o conteúdo se resume a basicamente texto – foi banido pelas novas regras aprovadas pela Autoridade Regulatória das Telecomunicações do país no início de fevereiro.