O que é? O projeto Câmbio Verde foi criado em Curitiba em 1989 para estimular a destinação correta de resíduos. Na época, o lixo reciclável era trocado vales transporte. Atualmente, a troca é por alimentos saudáveis em 100 pontos diferentes da capital paranaense. Uma iniciativa que já inspirou Porto Alegre, com resultados bastante rápidos.

Participação popular na coleta seletiva

A culpa é de uma supersafra de repolho. Foi em julho de 1991. Havia dois anos, a prefeitura de Curitiba criara o Câmbio Verde para estimular a destinação correta de lixo reciclável, sobretudo na população de baixa renda. Pelo projeto, as pessoas trocavam o material descartado por vales transporte. Mas o excesso de repolho ajudou a dar ao programa a cara de hoje, com um quilo de alimentos saudáveis – frutas, verduras e legumes – em troca de quatro quilos de lixo ou dois litros de óleo.

O Câmbio Verde é resultado de uma parceria entre as secretarias municipais de abastecimento e meio ambiente. Os alimentos excedentes de safra são negociados pela prefeitura com a Federação Paranaense das Associações dos Produtores Rurais (Fepar). Em 2015, foram trocados 1.015 toneladas de alimentos nos pontos atendidos pelo programa. Os pequenos produtores rurais também são beneficiados pela contribuição da administração municipal para o escoamento da produção. Cada ponto de troca recebe os caminhões que recolhem lixo e entregam alimentos quinzenalmente e a agenda do programa pode ser consultada aqui.

 

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O Câmbio Verde é parte do sistema do gerenciamento de resíduos da cidade, que também conta com coleta domiciliar e as Estações Sustentabilidade, contêineres para depósito de entregas voluntárias gerenciados pelas associações de catadores que, assim como em outros municípios, participam ativamente do recolhimento de material reciclável. No total foram recolhidas 3 mil toneladas de resíduo reciclável em Curitiba em 2015.

O programa de troca de lixo reciclável por comida inspirou outros municípios. Em 2015, Porto Alegre criou o Troca Solidária. Além de recolher lixo e fazer a permuta com hortifruti, o programa também tem uma parceria com a Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais para troca de resíduos descartáveis por livros em escolas públicas. Metade dos 2.114 livros doados foram usados para complementar as bibliotecas escolares e a outra foi distribuída em troca de material reciclável. Somados aos resíduos arrecadados em troca de alimentos, foram 13,6 toneladas coletadas pelo projeto em um ano.

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O resultado foi rápido. Em apenas um ano de operação do projeto, a arrecadação de metais, plástico, vidros, papéis e embalagens longa vida aumentou em 22% na capital gaúcha, segundo o diretor do Departamento Municipal de Limpeza Urbana, André Carús. Além do crescimento de material reciclado, programas como o de Curitiba e o de Porto Alegre também estimulam a população a ter participação ativa na coleta de resíduos, difundindo o consumo consciente e a preservação ambiental.