A possibilidade de elevação do nível do mar já alerta cidades costeiras. Muitas já investem em medidas para se tornarem mais resilientes. É o caso de São Francisco e toda sua região metropolitana, que certamente não quer ver o grande momento econômico que vive – lá estão algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo – seja afetado pela natureza. Por isso, já começam os primeiros movimentos para se antecipar a esse problema.

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A região da baía abriga cerca de 7 milhões de pessoas e está em um processo de votação para aprovar uma iniciativa que pode garantir uma fonte de financiamento para as obras de prevenção da inundações da costa e restaurar as áreas inundáveis que têm a capacidade de limpar a poluição da baía, abrigando peixes e outras espécies. Nessa terça (7), foi votado o projeto para a criação do primeiro imposto regional, com um valor fixo de US$ 12 por ano, a ser cobrado dos proprietários de imóveis de toda a região. Todo o valor arrecadado a partir dessa cobrança será destinado aos projetos.

A medida não deixa de ser polêmica, pois mesmo os moradores das áreas mais distantes da costa terão que pagar a mesma taxa que aqueles que vivem à beira mar, nas propriedades mais caras. É um exemplo de imposto regressivo, que afeta proporcionalmente mais os pobres que os ricos.

São Francisco votará o projeto de cobrança de um imposto para financiar a recuperação da área da baía (AP Photo/Jeff Chiu)

São Francisco votará o projeto de cobrança de um imposto para financiar a recuperação da área da baía (AP Photo/Jeff Chiu)

O projeto precisava ser aprovado por uma maioria de dois terços em todos os nove condados e, até o momento, mais da metade dessas áreas já tiveram seus votos contabilizados com um resultado preliminar de 69% a favor da implantação da taxa. O custo da campanha a favor da medida já é de aproximadamente US$ 3 milhões, doados por empresas como Facebook e Google. A proposta visa arrecadar US$ 500 milhões ao longo de 20 anos – valor que não chega nem perto de cobrir o da restauração total da região costeira, mas deve acelerar obras que têm sido adiadas há tempos.

Além das empresas que têm interesses na região da baía, a medida também é apoiada por políticos e ambientalistas. Desde 2009, a área criou a Autoridade para Reabilitação da Baía, incumbida de subvencionar as melhorias na costa, mas ainda sem uma equipe designada. Os últimos seis anos foram dedicados a reuniões e discussões sobre possibilidades de financiamento.

Antes do boom migratório, a região possuía mais de 800 mil km² de áreas inundáveis, hoje esse espaço foi reduzido para 161 mil. Como há estudos que apontam que a recuperação de aproximadamente 400 mil km² seria suficiente para ajudar na recuperação da baía e oferecer proteção suficiente contra inundações, o governo chegou a comprar propriedades particulares nessa faixa do território.