A resistência ao Uber em Buenos Aires fez com que as operadoras de cartão de crédito fossem proibidas de processar pagamentos à empresa feitos com cartões registrados localmente. Sem permissão e sem o equivalente local ao CNPJ, o serviço passou a ser oferecido na capital argentina em meados de abril. Várias requisições legais contra a operação do Uber foram feitas por diferentes autoridades, cercando o aplicativo de barreiras jurídicas.

No entanto, o serviço de transporte individual que não aceita dinheiro como pagamento (exceto em Recife, Fortaleza e Salvador) continua a ser oferecido na Argentina. Como? O Uber fez uma parceria com a Xapo para driblar o bloqueio de pagamentos. A Xapo é uma empresa que oferece facilidades para compra, armazenamento e gastos com bitcoin. Uma dessas facilidades é o cartão Xapo, que permite gastar a moeda virtual usando a função débito em qualquer transação que aceite a bandeira Visa.

O fato dos pagamentos com o cartão serem efetuados em bitcoin não tem nada a ver com a motivação do Uber para recorrer à Xapo. O que importa para a empresa é que os cartões não são registrados ali, mas em Gibraltar, e não são bloqueáveis pela legislação municipal – da mesma forma, turistas também podem usar seus cartões para circular de Uber em Buenos Aires.

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As operações realizadas pela Xapo em Bitcoin, que é uma moeda virtual e, portanto, não responde à legislação de nenhum país, vieram a calhar como uma solução para um problema local enfrentado pelo Uber. Aplicando a lógica inversa, é claro que nenhum argentino conseguiria facilmente abrir uma conta em Gibraltar. Mas a Xapo pode providenciar cartões para correntistas de todo mundo, e o Uber pode realizar suas transações por meio da rede Visa, que é um terreno conhecido.

O Uber não diz quantos são os usuários que circulam pagando em bitcoin, mas a Xapo afirma que recebeu muitos pedidos de cartões feitos por argentinos que finalmente acharam um uso para a moeda. A empresa alega que faz cerca de 18 mil viagens por semana em Buenos Aires.