O que é? Cruzamentos são pontos de disputa entre os diferentes modais, onde a sinalização e infraestrutura adequada tem papel fundamental na preservação da segurança dos pedestres. A Associação Nacional de Funcionários do Transporte Urbano (Nacto), com sede em Nova York, publicou um estudo que recomenda que as vias que permitem maiores velocidades para carros também devem adotar mais medidas de segurança para proteger quem anda a pé.

Travessias que deixam claro de quem é a preferência

As faixas de pedestres reservam um espaço viário por onde é (ou pelo menos deveria ser)  mais seguro caminhar e a sua frequência ao longo da malha viária deve ser regular, principalmente em avenidas com grande volume de tráfego. A Nacto, uma organização não governamental que reúne doze cidades norte-americanas com o objetivo de trocar experiências para melhorar o desenho urbano, divulgou um guia com boas práticas para organizar o fluxo nos cruzamentos para orientar a adoção de desenhos mais seguros nos cruzamentos.

Os princípios que definem as propostas apresentadas são o aproveitamento do espaço viário, redução dos riscos à segurança de todos os tipos de usuários, e alinhamento do desenho das intersecções a políticas de mobilidade de longo prazo. As medidas para proteção de pedestres, por exemplo, devem corresponder a intensidade do fluxo e também às velocidades permitidas. Outros fatores que devem ser considerados são a demanda presente e futura, a preferência do pedestre e o histórico de acidentes.

Quanto mais rápida e maior a circulação de veículos motorizados, mais frequentes devem ser as faixas de pedestres, reforçando a ideia de que há um espaço reservado para a caminhada. Onde há menor volume de tráfego e as distâncias a serem percorridas pelos pedestres nos cruzamentos são menores, as elevações, ilhas e sinalizações podem ser usados para melhorar as condições de travessia. Isso porque a presença de faixas de pedestres não garante por si só a segurança ao atravessar a rua e alguns ambientes exigem medidas adicionais, de acordo com as características da via.

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O desenho viário deve contemplar os usos e principais destinos de cada via, reforçando a prioridade do pedestre e devolvendo áreas excedentes para serem ocupadas como espaço público (Divulgação)

Além de oferecer mais segurança para quem anda a pé, a redução das áreas nas quais os pedestres e ciclistas ficam expostos ao fluxo de veículos motorizados também possibilita mais conforto nas travessias. A compactação dos cruzamentos é um dos princípios defendidos pela Nacto, pois também permite melhores condições de visibilidade para todos os tipos de usuários. As áreas excedentes devem ser usadas como espaço público, sejam elas ilhas ou extensões das calçadas.

Uma alternativa proposta pelo guia ao aumento do espaço viário nos cruzamentos é a reconfiguração dos tempos semafóricos. É importante que as intervenções em intersecções levem em conta que elas fazem parte da malha viária e não estão isoladas. No entanto, sempre que possível é recomendado proibir as conversões à direita ou à esquerda nas grandes avenidas, para diminuir os pontos de conflito entre motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres.

As intersecções em grandes avenidas devem ter espaço reservado para os diferentes modais, ordenação visual para evitar confusões sobre a divisão do espaço entre eles e conduzir os usuários de forma segura. A Nacto recomenda a distribuição de paradas do transporte público de acordo com os principais destinos ao longo da via e também com o espaço disponível para comportar os passageiros que embarcam e desembarcam. Nos cruzamentos, a compartimentação dos espaços deve ser sinalizada de forma clara e as ciclofaixas, por exemplo, devem ser pintadas de outra cor para que sejam facilmente percebidas também por quem não está de bicicleta.

A passagem de vias amplas com grande movimento para ruas menores abrigam riscos que ameaçam principalmente os grupos mais vulneráveis de usuários – os ciclistas e os pedestres. Como os condutores saem de uma avenida de circulação rápida para uma menor sem encontrar obstáculos para induzir a redução da velocidade, o local se torna pouco convidativo para caminhar ou pedalar. A sugestão da Nacto é a instalação de uma faixa de pedestres elevada, no mesmo nível da calçada, dando mais visibilidade para quem anda a pé e obrigando os motoristas a dar preferência.

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Os cruzamentos entre ruas menores sem semáforos podem ser inteiramente elevados, obrigando todos condutores de veículos motorizados a irem mais devagar, independentemente da direção que eles estejam seguindo. Outra solução recomendada para intersecções desse tipo é a implantação de uma rotatória que induz os motoristas a prestarem mais atenção para identificar como deve proceder e favorece a circulação de pedestres e ciclistas.

Nas ruas que não se cruzam formando um ângulo reto é preciso observar os usos da via e os destinos que se encontram ali. De acordo com as necessidades dos usuários, é possível ampliar o espaço destinado aos pedestres ou mesmo criar mais intersecções, implantar ciclovias. A Nacto alerta que devem ser observadas prioritariamente as linhas de desejo de quem anda a pé, pois se uma pessoa leva mais de três minutos para chegar a uma faixa de pedestres, esperar o semáforo para carros fechar e realizar a travessia, ela tende a procurar um modo mais rápido e inseguro de seguir o seu caminho.