O que é? Por falta de uma opção melhor de lugar para os ciclistas estacionarem, as bicicletas tomavam conta dos corredores dentro da estação de trem de Mauá, município da região metropolitana de São Paulo. Adilson Alcântara, funcionário da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e fundador da Associação dos Condutores de Bicicleta de Mauá (Ascobike), resolveu organizar um bicicletário no local. A iniciativa deu tão certo que o local hoje se tornou o maior da América Latina.

Cuidados e segurança para bicicletas e ciclistas

Uma lei municipal proíbe que bicicletas sejam fixadas em postes nas ruas de Mauá, município da Grande São Paulo. Por isso, os ciclistas locais entraram na estação do trem que liga as duas cidades um abrigo seguro para suas bicicletas. Com medo que elas fossem apreendidas (sim, os guardas têm permissão para fazer isso) por estarem irregularmente paradas pela cidade, os usuários as deixavam pela estação, que virou um grande estacionamento improvisado. O problema é que isso começou a atrapalhar a movimentação de passageiros por ali.

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Adilson Alcântara, fundador da Ascobike e chefe da estação na época, foi encarregado de apresentar uma solução para desobstruir o caminho de quem circulava a pé pelo local. Ele apresentou o projeto para a instalação de um bicicletário na estação, que tinha o objetivo de oferecer mais comodidade e segurança para os ciclistas. A instalação foi inaugurada em 2001 e, desde então, cresceu e se organizou. Ainda que esteja muito longe de ser o maior do mundo – em Utrecht, na Holanda, com 12,5 mil vagas -, o estacionamento recebe cerca de 1,7 mil bicicletas diariamente, mas tem capacidade de abrigar 1.968. É o maior da América Latina.

O bicicletário oferece serviços aos ciclistas como banheiros feminino e masculino com chuveiros, empréstimo e conserto de bicicletas, apoio jurídico e assistência social. Os usuários podem optar entre pagar uma diária de R$ 2 ou mensalidade de R$ 20. As bicicletas são bem-vindas no local 24 horas por dia, 365 dias por ano. Há vagas especiais para mulheres, idosos e crianças, nos quais a bike é acomodada horizontalmente.

A oficina conserta as bicicletas deixadas pela manhã para deixá-las prontas no fim da tarde com desconto para os mensalistas, que também disponibiliza bikes para empréstimo caso o reparo demore mais tempo. Café, água, compressor de ar ficam à disposição dos clientes. O bicicletário é mantido com o dinheiro das diárias e mensalidades, e o espaço no qual ele funciona foi cedido pela CPTM.

Oficina do bicicletário faz reparos com desconto para mensalistas (Divulgação/Ascobike)

Oficina do bicicletário faz reparos com desconto para mensalistas (Divulgação/Ascobike)

A Ascobike também disponibilizou um manual para orientar a implantação de outros bicicletários em estações. A presença do bicicletário na estação facilitou a integração entre os modais, sendo que aproximadamente 85% dos clientes são também passageiros da CPTM. A iniciativa foi  replicada e hoje 44 estações de trem da região metropolitana possuem bicicletários, com um total de 10,6 mil vagas.

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Além de facilitar os deslocamentos das pessoas que saem todos os dias de Mauá para trabalhar ou estudar em São Paulo, facilitando a combinação de modais diferentes, a Ascobike também realiza palestras sobre segurança no trânsito. Para se tornar um mensalista, o ciclista deve assinar um contrato concordando com as normas da associação e fazer um cadastro com informações pessoais e características da bicicleta. O bicicletário não fornece cadeados e outros equipamentos similares, que devem ser levados pelo cliente. Um comprovante de estacionamento é entregue quando a bicicleta é deixada no local e deve ser apresentado para a sua retirada.