Amsterdã é conhecida por ser uma das cidades mais pedaláveis do mundo. Ter tanta gente usando a bicicleta como meio de transporte faz do trânsito da cidade algo muito particular, com problemas e qualidades muito específicas. A partir de junho, melhorar a administração do tráfego de ciclistas será atribuição de uma pessoa em especial: a capital holandesa terá um prefeito específico para essa área.

Se considerarmos que a cidade já possui o seu prefeito da vida noturna, a criação de um cargo similar para cuidar do tráfego de bicicleta é quase que um desdobramento natural. A capital holandesa tem tantos ciclistas que uma pesquisa indicou a sua malha cicloviária recebe mais fluxo do que foi planejada para suportar. O bike prefeito será encarregado de fazer a ponte entre ciclistas, administração municipal, grupos de moradores e quem mais for afetado pelas medidas para melhorar a circulação das bicicletas.

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O responsável será escolhido por um processo parecido com aquele usado para a seleção do prefeito da vida noturna, que combina votos populares e a decisão de um júri especializado. O período de anúncio das candidaturas, que devem ser registradas por meio da postagem de um vídeo do interessando explicando porque ele é qualificado para assumir o cargo, terminou no domingo. A abertura da votação online acontecerá até junho, mas a decisão final deve ser tomada por partes interessadas, incluindo o próprio prefeito oficial, autoridades municipais de tráfego e grupos de ciclistas.

Depois de testar a proposta em Amsterdã, onde há mais bicicletas que pessoas, a ideia é que o cargo também seja criado em cidades que não são tão amigáveis para pedalar, como Chicago, Pequim, Varsóvia e São Paulo. A maior capital paulista é uma das citadas pelos cicloativistas do CycleSpace no comunicado de imprensa que eles fizeram para apresentar o conceito idealizado pelo grupo. Eles planejam incentivar pelo menos mais 24 cidades a criarem essa posição e que os bike prefeitos se reúnam em conferências anuais que terão sua primeira edição realizada na capital holandesa em 2017.

Apesar do nome, o cargo não acompanha poder de decisão como compete ao poder executivo. Seu papel será colaborar com grupos comunitários, governo e ciclistas para que as leis que dizem respeito ao tema contemplem as necessidades e interesses de cada uma das partes. A proposta é impedir que os avanços na área estanquem, uma vez que a cidade já tem uma cultura e infraestrutura consolidada.

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A adoção de um prefeito para a vida noturna teve alcançar bons resultados. O atual detentor do cargo, Mirk Milan, ajudou a gerenciar perturbações causadas pelos frequentadores mais festeiros do centro da capital holandesa e promoveu as licenças de funcionamento 24 horas. O CycleSpace faz questão de deixar claro que esse é o modelo de referência para a concepção da ideia. Considerando que Amsterdã se tornou o que é depois de muita pressão social para que a bicicleta tivesse seu lugar na cidade, é altamente provável que um pouco mais de diálogo possa ajudar os ciclistas a terem condições ainda melhores de circulação.