É um problema comum. Empresas e o poder público costumam dar mais atenção à acessibilidade de ambientes internos para cadeirantes – como estações de metrô, por exemplo – que aos percursos para chegar até esses locais. Muitas vezes, faltam dados sobre a acessibilidade em vias públicas, inclusive em rotas importantes, conectando pontos turísticos à rede de transporte público. Foi essa lacuna que motivou o desenvolvimento do Livrit.

As primeiras rotas do aplicativo foram traçadas a partir de pontos de interesse da Olimpíada e Paralímpiada, como zona portuária, Maracanã, Copacabana, entre outros. A iniciativa foi uma das cinco startups vencedoras do Desafio Cisco de Inovação Urbana, que era voltado para a área do Porto Maravilha, próxima ao Centro de Inovação da empresa. A iniciativa foi desenvolvida ao logo de dez meses por uma equipe de cinco integrantes, sendo que um deles, Marcelo Cardoso é cadeirante.

Francisco Viniegra, arquiteto que faz parte da equipe e trabalhou em obras de infraestrutura do Rio de Janeiro, como o teleférico do Morro do Alemão, conta que a ideia inicial era desenvolver uma plataforma colaborativa na qual os usuários atribuíssem notas que resultariam na classificação das rotas. Como o grau de dificuldade entre pessoas com mobilidade reduzida varia muito, a opção final foi tirar fotos dos obstáculos e deixar o usuário avaliar, com as notas em segundo plano.

O aplicativo está disponível para Android e já está apto a receber colaborações, embora novas rotas ainda estejam sendo adicionadas pela equipe do Livrit para que a plataforma já conte com dados disponíveis para o usuário no dia 12 de setembro, quando acontece o lançamento oficial. “Também queríamos que os usuários pudessem fazer o caminho da casa até o trabalho, mudamos para uma seleção de rotas mapeadas, porque seria necessário um trabalho muito massivo”, conta Viniegra.

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Como a ideia é medir o impacto da iniciativa por meio de melhorias nas vias públicas, a equipe do Livrit também está conversando com departamentos de prefeituras responsáveis pela manutenção das calçadas também nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Canoas.  O papel do aplicativo seria fornecer dados para que os governos municipais tomassem como base para decisões: locais muito frequentados por pessoas com mobilidade reduzida e com baixa acessibilidade seriam identificados e definidos como prioridade, por exemplo. Outra possibilidade é buscar patrocinadores, nomeando o roteiro com a marca que que viabilizou obras para melhorar o acesso daquele trecho.