Medellín gosta de abraçar a todos. O Brasil pôde ver isso na forma como a cidade se uniu para mostrar carinho e solidariedade à Chapecoense – e aos brasileiros em geral – após o acidente aéreo que matou quase todo o time dois dias antes de enfrentar o Atlético Nacional na final da Copa Sul-Americana. Mas a vocação receptiva e festiva do medellinense (mais comumente chamados de paisa) é famosa. E um dos símbolos disso é na música.

No exterior, a imagem da segunda maior cidade da Colômbia foi, por décadas, a do tráfico de drogas e a da violência. Mas, internamente, é o grande polo musical do país. A cena punk colombiana surgiu em Medellín. A capital do estado de Antioquia é também um centro de tango desde a época de Carlos Gardel (que, inclusive, morreu em um acidente aéreo em Medellín). Atualmente, o ritmo que domina a cidade – e já se espalhou pelo resto da Colômbia – é de origem panamenha e virou símbolo de Porto Rico, o reggaeton.

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Vários ícones do reggaeton saíram da região de Medellín. Um dos principais é J Balvin. A maior parte de suas composições falam de amor, mas ele reservou uma para falar da cidade em que faz questão de morar até hoje (mesmo sabendo que, profissionalmente, se mudar para Miami seria melhor). Em “Seguiré Subiendo”, ele fala de sua própria trajetória até chegar ao sucesso. Mas, ao mesmo tempo, traça paralelos com todos os paisas que trabalham duro para um dia melhorar. Ainda que não seja algo explícito ou mesmo proposital, a ideia de “seguir subindo” também serve de metáfora para a cidade que teve muito mais integração entre centro e favela após a implantação de teleféricos para o transporte dos morros para as regiões baixas, mais nobres.

No clipe, todo gravado em Medellín, pessoas comuns falam de si, de suas esperanças, de seu trabalho. Essa é a Medellín de verdade, que não víamos por estar ofuscada pelos noticiários policiais, mas que pudemos ter contato após uma tragédia esportiva.

Veja o clipe de “Seguiré Subiendo”, de J Balvin (letra em espanhol)

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