A Alemanha tem uma população canina de quase 7 milhões, quase um a cada dez seres humanos. E, ao menos em Berlim, alguns desses seres humanos terão de lidar com mais burocracia se quiserem manter o saudável hábito de passear com o seu cão. Na última semana, a câmara dos vereadores da capital alemã aprovou uma lei que obriga os donos de cachorros a terem uma licença para provar que seus animais são educados se quiserem andar sem coleira.

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A hundeführerschein – que foi traduzida como “carteira de motorista para cachorros” pela imprensa de língua inglesa, mas também pode ser lida como “licença de condutores de cães”, o que faria mais sentido – prevê que os novos cachorros com menos de 30 cm de altura tenham de possuir uma permissão para passear sem coleira. Para obtê-la, o dono terá de comprovar que o animal é bem comportado e obediente. Se o bicho de estimação for grande, com mais de 30 cm, nem adianta fazer cara de triste com as orelhas abaixadas ou abanar o rabo para mostrar-se amigável: a coleira é obrigatória.

As autoridades querem controlar um pouco os efeitos de tantos cachorros – são cerca de 100 mil – em Berlim. Na capital alemã, é comum uma pessoa levar seu cão para diversos lugares, de café ao transporte público. Isso pode criar inconvenientes na interação dos animais com humanos desconhecidos e muita sujeira pelas ruas da cidade. Por isso, ter um bicho de estimação pode ser bastante custoso para um berlinense. A prefeitura estabelece que o dono de um cão tem de pagar uma taxa de € 100 para ter o animal e uma anual de € 40, relativa à limpeza das ruas.

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A lei não teve recepção muito calorosa dos donos de cachorros. Não apenas pelas restrições, que consideram discriminatórias, mas por burocratizar ainda mais o processo. Além disso, há desconfiança de que dificilmente haverá fiscalização suficiente sobre o uso ou não da coleira, sobretudo nos parques da cidade.